sábado, 2 de março de 2013

Revelações do Brasil Secreto


Revelações do Brasil Secreto
Por Felipe Dantas em 02/05/10

A primeira vez que tive contato com fotos e histórias a respeito dos outer-reefs do Rio Grande do Norte foi em 1981, por meio de um surfista conhecido que trabalhava em uma das plataformas de petróleo da Petrobras na área.

Era uma foto muito interessante, pois tinha sido feita de cima da plataforma que fica bem distante de um dos reefs, algo em torno de 5 quilômetros. O mais impressionante é que dava para ver com clareza um pico com muita espuma em volta.

Bem, isso permeou a cabeça de vários surfistas de Natal durante muitos anos. Muita gente não sabe, mas em frente à costa do Rio Grande do Norte, mais precisamente na costa Norte do estado, existe uma barreira de coral com aproximadamente 100 quilômetros de bancadas que afloram ou ficam a uma profundidade de 1,2 metros na maré seca.

É de uma beleza impressionante. De acordo com o Guiness Book, é nesta área também que existe uma das águas mais limpas do planeta para mergulho, a Risca do Zumbi, onde a profundidade vem de 2.500 metros e sobe verticalmente para 15 metros.

Os anos passaram e começamos a planejar viagens com frequência à região. A dificuldade era muito grande para chegar até certas praias. A previsão de ondas era na base do “olhômetro”. Estive lá algumas vezes. O que me impressionava era que, na maioria das expedições, partíamos da costa com o mar flat ou até 1 metro e quando chegávamos lá as ondas estavam com mais de 1,5 metros, além da água azul e os lindos corais.

É claro, o pico precisa de um vento perfeito, pois fica a mais de 30 quilômetros oceano adentro. São quatro horas de barco. Digo isso porque a facilidade do vento influenciar em mar aberto é enorme. Quem conhece o Rio Grande do Norte sabe que temos uma variedade de ondas com qualidade internacional. Mas esses outer-reefs necessitam de uma logística enorme, são para gente grande.

Em uma destas vezes, o Leleu (Marco Aurélio), amigo meu e frequentador assíduo do pico, trouxe uma foto de uma bancada enorme e disse: “talvez seja o lugar para ondas grandes, pois o potencial de localização para os ventos é muito bom”. Mostrei ao fotógrafo Bruno Alves e ficamos imaginando tudo isso que um dos meus times de filmagem do projeto Brasil Secreto me trouxe.

As imagens acima podem até ser amadoras, mas são históricas, pois foram feitas na semana das grandes ondas que varreram o Oceano Atlântico, desde a Groelândia até a costa do Rio Grande do Norte, o último lugar que recebe o poderoso swell de Noroeste.

Foi o maior swell registrado até os dias 10 e 11 de fevereiro no Atlântico. Diego Silva, Marcel Maciel e sua turma estão de parabéns. Não conseguiram surfar, pois são garotos. Jamais imaginariam, como a maioria dos surfistas brasileiros, que temos ondas perfeitas e enormes. Só para lembrar, o swell neste dia marcava na boia do Rio Grande do Norte, localizada a apenas 60 quilômetros desta bancada, ondas de 5 metros e período de 18 segundos. 

No litoral, no pico onde surfei, foram 2 metros, maré seca e vento clássico por toda a manhã. Fico imaginando como meus estimados amigos big riders vão adorar esta noticia. Aproveitem a primeira filmagem da Urca do Minhoto, feita pela equipe do Brasil Secreto.  

Foto da reportagem Felipe Dantas, da equipe do Brasil Secreto, em algum reef do Rio Grande do Norte. Crédito: Vagner Santos.

Fonte; waves

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